Dia Mundial do Doador de Medula: Alero reforça importância da solidariedade

Dia Mundial do Doador de Medula: Alero reforça importância da solidariedade


Deputado Delegado Lucas se disponibilizou para o cadastro de medula óssea, durante ação na Alero (Foto: Thyago Lorentz | Secom ALE/RO)

No próximo sábado, 20 de setembro, o mundo celebra o Dia Mundial do Doador de Medula Óssea, lembrado sempre no terceiro sábado do mês. A data tem como principal objetivo conscientizar a população sobre a importância da doação e estimular o aumento do número de voluntários cadastrados nos registros nacionais e internacionais.

No Brasil, segundo o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), mais de 5 milhões de pessoas estão cadastradas como potenciais doadores. Apesar do número expressivo, a chance de compatibilidade entre doador e paciente não ultrapassa 1 em cada 100 mil. Isso significa que, para milhares de pacientes diagnosticados com doenças graves, como leucemias e linfomas, encontrar um doador compatível ainda é um enorme desafio.

Em Rondônia, onde os cadastros ainda são considerados baixos diante da população total, a Assembleia Legislativa (Alero) tem se posicionado como parceira estratégica em campanhas de conscientização, ampliando a visibilidade dessa causa e aproximando a sociedade das ações de solidariedade.

Assembleia Legislativa mobiliza a sociedade

No início deste mês, a Alero promoveu uma campanha de doação de sangue e cadastro de medula óssea em parceria com a Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Rondônia (Fhemeron). A ação foi proposta pela deputada Ieda Chaves (União Brasil) e contou com o apoio da Casa.

O ato teve um caráter especial: buscar aumentar as chances de encontrar um doador compatível para o pequeno Davi Lucas, de apenas 9 anos, diagnosticado com leucemia e em tratamento em Porto Velho.

Para o deputado Luiz do Hospital (MDB), presidente da Comissão de Saúde, o Parlamento cumpre um papel essencial nesse processo:


Deputado Luiz do Hospital presidente da Comissão de Saúde (Foto: Thyago Lorentz | Secom ALE/RO)

“O poder público tem papel fundamental, porque campanhas de conscientização salvam vidas. Muitas pessoas ainda não conhecem os procedimentos para se tornar doador ou têm receio por falta de informação. Cabe ao Estado ampliar o alcance dessas orientações e apoiar os serviços de saúde. Quanto mais doadores cadastrados, maiores são as chances de pacientes encontrarem um compatível”, destacou.

Segundo ele, a Assembleia já promoveu sessões solenes, audiências públicas e parcerias com entidades de saúde, todas com o objetivo de tornar permanente a pauta da doação de sangue e medula óssea no calendário institucional.

Como funciona o transplante de medula

A médica hematologista da Fhemeron, Ana Carolina Gonzaga de Melo, explicou que o transplante pode ser:

Alogênico: quando a medula do paciente é substituída pela de outro doador saudável, após triagem e compatibilidade.

O processo começa com a coleta de 5 ml de sangue para exame de HLA (Antígeno Leucocitário Humano). Esse material é analisado e integrado ao Redome, onde ocorre o cruzamento com pacientes que aguardam transplante. Em caso de compatibilidade, o doador é chamado para exames complementares e, posteriormente, para a doação em um centro transplantador.

“Rondônia ainda não possui centro de transplante, por isso o doador precisa estar ciente de que pode ser convocado a se deslocar para outro estado ou até mesmo para outro país”, alertou a médica.

A luta de Davi Lucas e sua família


O pequeno Davi Lucas durante o tratamento e a espera do seu doador (Foto: Arquivo pessoal)

Enquanto a campanha mobiliza voluntários, a família de Davi Lucas enfrenta dias de esperança e incertezas.

A mãe, advogada Catiene Santana, descreveu as mudanças na rotina:

“Tudo gira em torno do tratamento, das idas ao hospital, dos exames e da espera por notícias. Muitas vezes precisamos abrir mão de compromissos pessoais e reorganizar a vida. Apesar das dificuldades, descobrimos uma união ainda maior entre nós. A esperança de um doador compatível é o que nos mantém de pé. É vida, é futuro”.

O pai, jornalista Jocenir Santanna, reforçou a necessidade de ampliar a mobilização social:


Davi Lucas com os pais Jocenir e Catiene e o irmão João Arthur de 12 anos (Foto: Arquivo pessoal)

“Muitos ainda associam a doação de sangue apenas a acidentes ou casos emergenciais, mas ela é vital para inúmeras doenças. Já a medula óssea enfrenta barreiras culturais e legais. Um cidadão pode doar até os 55 anos, mas só pode se cadastrar até os 35. É uma contradição que precisa ser revista em nível nacional. Ampliar essa faixa etária é ampliar as chances de salvar vidas”.

Experiências que inspiram

A servidora pública Ívina Luísa Resky Lago, de 32 anos, é prova de que a decisão de se cadastrar pode transformar destinos. Ela se cadastrou em 2009, durante uma campanha universitária, e foi chamada apenas em 2019:


Ívina Luísa Resky Lago, durante o processo de doação de medula óssea (Arquivo Pessoal)

“Jamais imaginei que seria compatível com alguém. Viajei de Porto Velho para Natal, fiquei três dias em preparação e depois fiz o procedimento. Foi doloroso, mas nada que superasse a alegria de saber que eu poderia salvar uma vida. Salvar uma pessoa é salvar uma família inteira. Foi a experiência mais transformadora da minha vida”, contou emocionada.

Onde e como se cadastrar

Em Rondônia, os cadastros podem ser feitos diretamente na Fhemeron.

  • Idade entre 18 e 35 anos;
  • Estar em bom estado de saúde;
  • Apresentar documento de identidade com foto.


Maria Luiza Pereira, gerente de Captação da Fhemeron (Foto: Arquivo pessoal)

“O procedimento é simples e leva poucos minutos. O voluntário doa uma pequena amostra de sangue, que será analisada e integrada ao Redome”, explicou Maria Luiza Pereira, gerente de captação da Fhemeron.

A importância da mobilização contínua

O Dia Mundial do Doador de Medula Óssea, criado em 2015 pela World Marrow Donor Association (WMDA), é celebrado em mais de 50 países, reunindo ações de incentivo e homenagens a doadores e pacientes.

No Brasil, as campanhas são fundamentais para popularizar o tema, já que o país possui um dos maiores registros de doadores voluntários do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.

Apesar disso, os números ainda são insuficientes diante da demanda. A cada ano, milhares de brasileiros não encontram um doador compatível e permanecem aguardando na fila.

Em Rondônia, a expectativa da Fhemeron é de que ações em parceria com a Alero ampliem significativamente os cadastros, fortalecendo a rede de solidariedade no estado.

Mais que um gesto: a chance de recomeçar

Cada novo cadastro no Redome representa esperança para famílias inteiras. No caso de Davi Lucas e de tantas outras crianças e adultos que aguardam pela chance de um transplante, a solidariedade pode ser o fator decisivo entre a incerteza e a vida.


"Foi a experiência mais transformadora da minha vida”, contou emocionada Ívina Luísa Lago.

A Assembleia Legislativa de Rondônia reafirma, com suas campanhas, que está ao lado da sociedade na construção dessa rede de apoio, mostrando que a doação de medula não é apenas um ato individual, mas um compromisso coletivo com a vida.


Fonte: ALE/RO

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