
A intoxicação por metanol, presente em bebidas adulteradas, tem preocupado autoridades e profissionais de saúde em todo o país. De acordo com especialistas, quanto mais cedo o tratamento for iniciado, maiores são as chances de reverter os danos neurológicos e visuais — complicações graves que podem evoluir rapidamente e levar à morte.
O metanol é um álcool altamente tóxico, incolor e de aparência semelhante ao etanol (usado em bebidas alcoólicas comuns). Conhecido como álcool metílico, ele é empregado na indústria química, em solventes, vernizes e removedores de tinta, e é proibido em bebidas destinadas ao consumo humano. Mesmo pequenas quantidades podem causar intoxicação severa.
Como o metanol age no organismo
Segundo Mariana de Moura Pereira, pesquisadora do Laboratório de Toxicologia da USP, o perigo do metanol está na sua transformação dentro do fígado.
“Enquanto o etanol é metabolizado em substâncias inofensivas, o metanol gera formaldeído e ácido fórmico, ambos extremamente tóxicos”, explica.
Esses compostos comprometem o funcionamento celular e, principalmente, atingem tecidos que exigem alta produção de energia, como a retina e o sistema nervoso central, podendo causar cegueira irreversível.
Sintomas e evolução da intoxicação
Os sinais iniciais podem enganar, pois se parecem com uma ressaca comum — dor de cabeça, tontura, náusea e mal-estar. No entanto, entre 12 e 24 horas após a ingestão, surgem os sintomas mais graves:
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Visão borrada ou turva;
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Fotofobia (sensibilidade à luz);
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Dores abdominais intensas;
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Respiração acelerada e confusão mental.
Após 48 horas, o quadro pode evoluir para cegueira total, convulsões, arritmias cardíacas e falência de múltiplos órgãos.
Tratamento e primeiros socorros
O tratamento deve ser imediato e feito em hospital, com uso de antídotos e suporte intensivo.
Os principais recursos terapêuticos são:
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Fomepizol: inibe a enzima responsável por transformar o metanol em substâncias tóxicas;
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Etanol (em alguns casos): usado como alternativa de emergência;
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Hemodiálise: remove o metanol e o ácido fórmico rapidamente do sangue;
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Bicarbonato de sódio (injeção hospitalar): ajuda a corrigir a acidose metabólica, estabilizando o paciente temporariamente.
O médico Luís Fernando Penna, do Hospital Sírio-Libanês, ressalta que “a velocidade do atendimento é o fator determinante para evitar sequelas graves e mortes”.
Já a infectologista Paula Tuma, do Hospital Israelita Albert Einstein, reforça que todos os casos de intoxicação alcoólica devem ser tratados como suspeitos de contaminação por metanol, até que exames confirmem o contrário.
Diagnóstico laboratorial
A detecção é feita por cromatografia gasosa (GC-FID), exame que identifica e quantifica substâncias no sangue. O método permite verificar rapidamente a presença de metanol e orientar o tratamento adequado.
Risco em bebidas adulteradas
Casos recentes de intoxicação têm sido relacionados principalmente a destilados — como vodca, uísque e gin —, adulterados intencionalmente com metanol. Cervejas e vinhos raramente estão entre os produtos contaminados.
Linha do tempo dos efeitos do metanol
Até 12h: sintomas semelhantes à embriaguez (náusea, tontura, dor de cabeça).
De 12h a 24h: surgem alterações visuais e sinais de acidose metabólica.
De 24h a 48h: risco de cegueira e falência de órgãos vitais.
Especialistas reforçam que a busca imediata por atendimento médico após o consumo de bebidas suspeitas pode ser decisiva para salvar a vida da vítima.
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