Agência Rondônia

Pesquisa revela que 6 em cada 10 brasileiros conhecem meninas vítimas de estupro; maioria dos casos não é denunciada

Pesquisa revela que 6 em cada 10 brasileiros conhecem meninas vítimas de estupro; maioria dos casos não é denunciada

Levantamento do Instituto Patrícia Galvão aponta que vítimas enfrentam o trauma sozinhas e não recebem atendimento médico adequado após a violência - © Shutterstock

A violência sexual contra meninas e mulheres no Brasil continua a atingir números alarmantes. Um levantamento realizado pelo Instituto Patrícia Galvão, em parceria com o Instituto Locomotiva, revelou que seis em cada dez brasileiros conhecem uma menina de até 13 anos que foi vítima de estupro. O índice sobe para 63% quando os casos envolvem meninas e mulheres acima dessa faixa etária.

O estudo, intitulado “Percepções sobre Direitos de Meninas e Mulheres Grávidas pós-Estupro”, também mostra que a maioria das vítimas não fala sobre a violência. Cerca de 60% das meninas estupradas antes dos 14 anos nunca contaram a ninguém sobre o abuso, e apenas 27% relataram o caso a algum familiar adulto.

Além disso, os dados apontam que poucas vítimas procuram serviços de saúde após a agressão. Somente 9% das meninas menores de 13 anos receberam atendimento médico, enquanto 15% tiveram contato com a polícia.


⚠️ Violência sexual é questão de saúde pública

Para Marisa Sanematsu, diretora de conteúdo do Instituto Patrícia Galvão, o estupro deve ser tratado também como um problema de saúde pública.

“As vítimas têm direito a medidas imediatas para prevenir infecções e gravidezes indesejadas. A prioridade é a saúde física e mental da vítima — não o boletim de ocorrência”, afirmou.

Ela reforçou que não é necessário registrar ocorrência policial para ter acesso ao atendimento médico e que o acolhimento imediato é essencial antes de iniciar os procedimentos legais.


💔 Gravidez após estupro e o direito ao aborto legal

O levantamento mostrou ainda que 22% da população conhecem uma vítima que engravidou após o estupro, e metade dessas meninas manteve a gestação.

Marisa Sanematsu destacou que o aborto em casos de estupro é um direito garantido por lei no Brasil, independentemente da idade gestacional:

“O corpo de uma menina não está preparado para levar uma gestação adiante. Existem formas seguras de interromper a gravidez, e esse direito precisa ser respeitado.”


🚨 Estigma e falta de acolhimento

A pesquisadora também chamou atenção para o estigma que ainda recai sobre as vítimas, o que contribui para o silêncio e a subnotificação dos casos.

“A vítima precisa de acolhimento, não de julgamento. A culpa nunca é de quem sofre a violência, e sim de quem a comete”, destacou.

A pesquisa, divulgada na última semana, foi realizada de forma online, com 1.200 participantes com mais de 16 anos, distribuídos por todas as regiões do país.


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