
Produtores relatam prejuízos, defendem calamidade econômica do setor e pedem ações estruturais para evitar colapso da atividade
A grave crise enfrentada pela cadeia produtiva do leite em Rondônia foi amplamente debatida na última segunda-feira (15), durante audiência pública realizada pela Assembleia Legislativa de Rondônia (Alero), no auditório da Associação Comercial e Industrial de Ariquemes (Acia).
O encontro reuniu produtores rurais, representantes de associações, técnicos, parlamentares estaduais e federais, além de integrantes do governo do estado, em um debate que evidenciou o esgotamento econômico da atividade e a urgência de medidas estruturais.
A audiência foi proposta pelo presidente da Alero, deputado Alex Redano (Republicanos), em conjunto com a deputada estadual Cláudia de Jesus (PT), e contou com a participação dos deputados estaduais Luís do Hospital (MDB), Delegado Camargo (Republicanos) e Pedro Fernandes (PRD); dos deputados federais Thiago Flores (Republicanos) e Lúcio Mosquini (MDB); além do secretário de Estado da Agricultura (Seagri), Luiz Paulo, do secretário de Estado de Finanças (Sefin), Luís Fernando, e de representantes da Faperon, lideranças municipais e produtores da região.
Ao abrir os trabalhos, Alex Redano explicou que a audiência surgiu a partir de demandas apresentadas por produtores durante visita ao município de Campo Novo de Rondônia. “Fui procurado por produtores que relataram a dificuldade enfrentada com o preço do leite. Foi lá que fiz o compromisso de promover essas audiências públicas”, afirmou, agradecendo o apoio dos parlamentares e, em especial, da deputada Cláudia de Jesus.
Diagnóstico do setor
Durante o encontro, produtores e técnicos apresentaram um diagnóstico preocupante da atividade leiteira em Rondônia. Apesar de um crescimento aproximado de 6% na produção em 2025, impulsionado por investimentos em genética, infraestrutura e tecnologia, o aumento não se refletiu em rentabilidade.
Os dados indicam que o custo de produção do litro de leite supera o valor pago ao produtor, gerando margens negativas recorrentes. A falta de previsibilidade de preços e prazos de pagamento agrava o cenário, dificultando o planejamento financeiro e levando muitos produtores ao endividamento.
Outro ponto destacado foi a complexidade da cadeia produtiva, marcada por diversos intermediários entre o produtor e o consumidor final. Nesse modelo, o produtor, que assume os riscos e custos da atividade, permanece com a menor parcela do valor agregado.
A concorrência com produtos importados, como leite em pó e derivados, também pressiona os preços e compromete a sustentabilidade do setor.
Calamidade econômica e Pró-Leite
Diante da gravidade do cenário, produtores defenderam a adoção de medidas excepcionais, incluindo o reconhecimento de estado de calamidade econômica do setor leiteiro. A proposta foi apoiada simbolicamente pelos participantes da audiência.
O secretário da Seagri, Luiz Paulo, apresentou informações sobre ações vinculadas ao Pró-Leite, destacando investimentos em calcário, melhoramento genético, tanques de resfriamento, energia e assistência técnica. Ele anunciou ainda a reativação da Câmara Setorial do Leite, considerada fundamental para o diálogo permanente entre governo e produtores.
Tributação e CPI
O secretário da Sefin, Luís Fernando, abordou questões tributárias e afirmou que a discussão não envolve tabelamento de preços, mas a construção de relações mais justas na cadeia produtiva. Entre as alternativas, citou o uso de barreiras tarifárias para mitigar os impactos das importações.
Os deputados Pedro Fernandes e Cláudia de Jesus defenderam a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para aprofundar a análise do setor, dar transparência aos dados e esclarecer a destinação de recursos públicos. Para Cláudia, a crise do leite é também uma questão social, com impactos diretos sobre a renda das famílias produtoras e a economia dos municípios.
Encaminhamentos
Ao final da audiência, ficou claro o consenso de que a crise da cadeia do leite em Rondônia é estrutural e exige ações coordenadas. Entre os encaminhamentos estão:
- possibilidade de decretação de estado de calamidade pública do leite;
- instauração da CPI do Leite;
- criação de uma Comissão Parlamentar Especial Mista, com representantes de diversos setores.
As propostas serão levadas para deliberação em sessão extraordinária da Alero, marcada para esta terça-feira (16), a partir das 15h.
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