
Parlamentares do centrão falam em travar projetos no Senado e pressionar por investigações após o texto ser derrubado por unanimidade na CCJ - © Getty
A derrubada da PEC da Blindagem no Senado — por unanimidade na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) — desencadeou uma crise política entre as duas Casas do Congresso. Deputados acusam o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de fragilidade na condução do processo e cobram uma resposta firme diante do que consideram uma quebra de acordo por parte do Senado.
A proposta previa que deputados e senadores só poderiam ser processados criminalmente com autorização prévia do próprio Congresso. Aprovada na Câmara por 353 votos a 134, com empenho pessoal de Motta, a PEC foi rejeitada sem resistência na CCJ do Senado.
Pressão sobre Motta
Nos bastidores, líderes do centrão afirmam que a falta de reação pode abalar a sustentação política de Motta no comando da Casa. Eles discutem represálias, como travar projetos de interesse do Senado e usar a CPI do INSS para direcionar investigações contra senadores.
Deputados também cobram a quebra de sigilo de gabinetes do Senado frequentados pelo lobista conhecido como Careca do INSS, apontado como operador de desvios no instituto.
Desgaste político
O episódio ampliou as críticas nas redes sociais contra os parlamentares que votaram a favor da PEC na Câmara, com parte deles pedindo desculpas aos eleitores após protestos em todo o país. Deputados dizem que os senadores “posaram de bons-moços” ao rejeitar a proposta, mesmo com histórico de problemas de transparência.
Alcolumbre e Motta em rota de colisão
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), foi acusado de descumprir o suposto acordo que previa votação direta no plenário. Ele nega a existência de acerto. A relação entre Alcolumbre e Motta, antes próxima, agora é descrita como estremecida.
Mesmo assim, Motta tentou minimizar o conflito:
“Não tem sentimento de traição nenhuma. [...] Já tivemos vários episódios em que o Senado discordou da Câmara e a Câmara discordou do Senado. Isso é natural da democracia”, afirmou.
Clima de desconfiança
Parlamentares temem novos impasses, inclusive sobre o projeto que reduz penas dos condenados pelos atos golpistas, relatado por Paulinho da Força (Solidariedade-SP). Segundo ele, o texto não avançará sem garantia de que o Senado não repetirá o mesmo movimento:
“Não dá para pacificar o país se a Câmara e o Senado estão em guerra”, declarou.
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