
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) garantiu, nesta segunda-feira (8), em entrevista à Rede Amazônica, que a BR-319 será reconstruída. A estrada, inaugurada em 1976 e única ligação terrestre entre o Amazonas e o restante do Brasil, é vista pelo governo como estratégica para integrar Porto Velho e Manaus, mas também enfrenta fortes impasses ambientais.
“Vamos fazer a BR-319, eu posso te garantir. Mas vamos fazer de comum acordo com os ambientalistas, com aqueles que precisam da estrada e, sobretudo, para atender duas capitais que não podem ficar isoladas como Porto Velho e Manaus”, afirmou Lula.
Equilíbrio entre desenvolvimento e preservação
O presidente destacou que a prioridade é garantir que a rodovia não incentive desmatamento ou ocupações ilegais. “Não podemos fazer uma rodovia e, dois meses depois, ver o grileiro criando gado onde não pode criar gado, plantando soja onde não pode plantar soja. Temos que manter a floresta intocável para o bem da humanidade inteira”, disse.
Lula também defendeu a ministra Marina Silva (Meio Ambiente), alvo de críticas no Congresso, afirmando que ela não é contra a obra, mas sim a favor de discutir formas sustentáveis de execução. “A Marina nunca disse que é proibido fazer. O que ela quer discutir é como fazer as coisas. E se for bem feito, é melhor para todo mundo”, declarou.
Debate político e ações recentes
O tema voltou a ganhar destaque em 27 de maio, durante audiência no Senado, quando parlamentares como Marcos Rogério (PL) e Plínio Valério (PSDB) criticaram a postura da ministra. Já o senador Omar Aziz (PSD) defendeu abertamente o asfaltamento.
Em julho, Marina anunciou a criação de uma comissão interministerial para conduzir uma Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) da rodovia, abrangendo uma faixa de 100 km em torno da estrada. No mesmo período, a Justiça Federal suspendeu a licença prévia do trecho central, atendendo recurso do Observatório do Clima. A Advocacia-Geral da União (AGU), entretanto, defendeu a continuidade do projeto, lembrando que 55% da área adjacente já está protegida por unidades de conservação.
A BR-319 tem 885,9 km, sendo 821 km no Amazonas e 64,9 km em Rondônia, e atende cidades como Humaitá, Lábrea e Manicoré. Trechos sem pavimentação há mais de três décadas tornam o tráfego precário, o que reforça a pressão pela retomada das obras.
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