
Com o fim do pacto firmado em 2015, restrições sobre o programa nuclear iraniano deixam de valer, aumentando temores de nova corrida atômica no Oriente Médio - © Lusa
O acordo nuclear firmado em 2015 entre o Irã e as principais potências mundiais — França, Reino Unido, Alemanha, Estados Unidos, Rússia e China — chegou oficialmente ao fim nesta sexta-feira (18), após completar 10 anos desde sua aprovação pela Organização das Nações Unidas (ONU). O pacto, aprovado pela Resolução 2231, tinha como objetivo limitar o programa nuclear iraniano em troca do levantamento de sanções internacionais que pesavam sobre a economia do país.
Com a expiração, todas as restrições e mecanismos de controle do acordo foram encerrados, segundo informou o Ministério das Relações Exteriores do Irã. “Todas as disposições, incluindo as restrições ao programa nuclear e os mecanismos relacionados, são consideradas encerradas”, declarou o governo iraniano em comunicado oficial.
O tratado, conhecido como Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês), limitava o enriquecimento de urânio a 3,67% e estabelecia fiscalização rigorosa da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). No entanto, desde 2018 o acordo vinha sofrendo sucessivos reveses, após a retirada dos Estados Unidos durante o governo Donald Trump, que restabeleceu as sanções econômicas contra Teerã.
Em resposta, o Irã passou a descumprir gradualmente os compromissos assumidos, ampliando o nível de enriquecimento de urânio para 60%, muito próximo do limite técnico de 90% exigido para a produção de armas nucleares. A AIEA confirmou que o Irã é atualmente o único país sem armamento nuclear a operar nesse nível de enriquecimento.
As tensões se agravaram após ataques israelenses a instalações nucleares iranianas, seguidos de retaliações com mísseis e drones por parte de Teerã. Os Estados Unidos também conduziram ofensivas contra alvos iranianos durante o conflito, o que interrompeu as negociações indiretas sobre o programa nuclear.
Mesmo com o cenário de instabilidade, o governo iraniano afirmou manter-se aberto à diplomacia e à cooperação com a AIEA. Em carta à ONU, o ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, declarou que a expiração do acordo torna as sanções “nulas e sem efeito”. Já França, Reino Unido e Alemanha — signatários do pacto — criticaram a falta de colaboração do Irã e pediram a retomada das negociações com os Estados Unidos.
O impasse reacende um antigo ponto de tensão nas relações internacionais. Embora negue o desenvolvimento de armas atômicas, o Irã reafirma o direito ao uso da energia nuclear para fins civis, especialmente para geração de eletricidade — argumento que, há décadas, divide Teerã e as potências ocidentais.
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