Renúncia de Carla Zambelli é vista por aliados da esquerda como manobra para tentar preservar direitos políticos

Renúncia de Carla Zambelli é vista por aliados da esquerda como manobra para tentar preservar direitos políticos


Parlamentares e ministros avaliam que decisão não evita consequências jurídicas após condenações e prisão da ex-deputada (foto © Getty Images)

A renúncia da deputada Carla Zambelli (PL-SP), anunciada na tarde deste domingo (14), foi interpretada por lideranças e parlamentares de esquerda como uma manobra oportunista para tentar preservar direitos políticos, mesmo após condenações judiciais e prisão. As críticas foram feitas durante ato promovido por movimentos de esquerda na avenida Paulista, em São Paulo.

Deputados e ministros do governo Lula (PT) lembraram que o Supremo Tribunal Federal (STF) já havia determinado a cassação do mandato de Zambelli, após a Câmara dos Deputados mantê-la no cargo na madrugada da última quinta-feira (11). Para esses atores políticos, a renúncia não altera o desfecho jurídico do caso.

“O mandato seria cassado de todo modo. Talvez seja uma estratégia da advogada dela e dela própria para tentar não ficar inelegível”, afirmou o deputado federal Jilmar Tatto (PT). “É uma renúncia oportunista, o que é bem do estilo dela”, acrescentou.

A deputada Sâmia Bomfim (PSOL) declarou que, com a renúncia, “é uma golpista a menos no caminho”, avaliando que a ex-parlamentar já não teria margem de manobra. “Ela já está condenada, inelegível e presa. Pode ter sido uma tentativa jurídica de questionar a inelegibilidade a partir da renúncia”, disse.

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, reforçou o entendimento de que a decisão buscou evitar a perda dos direitos políticos. “Creio que tenha sido isso. Mas ela tem que perder e cumprir a pena”, afirmou.

Conforme noticiado pela imprensa nacional, a renúncia resultou de uma negociação envolvendo o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), aliados, familiares e advogados de Zambelli. A decisão teria como objetivo evitar uma crise institucional entre a Câmara e o STF, além de reduzir desgastes políticos com o governo e o PL, maior bancada da Casa.

Durante o ato, a deputada Érika Hilton (PSOL) ironizou a situação, afirmando que Zambelli “teve a condição de ser mais digna do que o presidente da Câmara”. Já o ministro Guilherme Boulos, da Secretaria-Geral da Presidência, cobrou a extradição da ex-deputada, que está presa na Itália desde julho. “A questão agora não é mais o mandato, mas a extradição para que ela cumpra a pena no Brasil”, disse.

Zambelli foi condenada, em maio, à perda do mandato e a dez anos de prisão por invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com a ajuda do hacker Walter Delgatti Neto. Em agosto, também foi condenada a cinco anos e três meses de prisão por sacar e apontar uma arma contra um homem na véspera do segundo turno das eleições de 2022. Com cidadania italiana, ela deixou o Brasil alegando risco de prisão.

O STF determinou que a pena seja cumprida no Brasil. O pedido de extradição será analisado pela Justiça italiana na próxima quinta-feira (18). Caso seja extraditada, Zambelli deverá ser encaminhada à Penitenciária Feminina do Distrito Federal, conhecida como Colmeia.


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