Vale do Guaporé: Projeto apoiado pela Energisa prevê a soltura de mais de 2 milhões de filhotes de quelônios em RO

Vale do Guaporé: Projeto apoiado pela Energisa prevê a soltura de mais de 2 milhões de filhotes de quelônios em RO

Soltura mobiliza comunidades, reforça educação ambiental e destaca a importância do Projeto Quelônios do Guaporé na preservação de uma das maiores áreas de desova do mundo

No último domingo (14), às margens do Rio Guaporé, em Rondônia, na fronteira do Brasil com a Bolívia, o silêncio da floresta foi quebrado por olhares atentos e passos miúdos em direção à água. Milhares de filhotes de tartaruga-da-Amazônia iniciaram sua primeira jornada rumo ao habitat natural, em mais uma ação do Projeto Quelônios do Guaporé, que há cinco anos conta com o apoio da Energisa e transforma a conservação ambiental em um poderoso momento de aprendizado, conscientização e esperança para o futuro da Amazônia.

A soltura marca uma das etapas mais simbólicas do projeto, que atua na proteção das praias de desova, no monitoramento dos ninhos e na garantia da sobrevivência dos filhotes até o retorno ao rio. Em 2025, o trabalho enfrentou desafios devido às cheias intensas do Guaporé, que alteraram o calendário natural da espécie e provocaram atraso no período de desova.

Segundo o Ibama, as equipes de monitoramento têm registrado dados impressionantes. Entre 11 e 15 de dezembro, cerca de 60 mil filhotes já haviam sido contabilizados nas áreas monitoradas. Em um único dia de soltura, mais de 20 mil filhotes foram lançados nas águas do Rio Guaporé, o maior número registrado até o momento nesta temporada.

A previsão é que o pico de eclosão ocorra nas próximas semanas, estendendo-se até o final de dezembro e início de janeiro. Mantido o ritmo atual de nascimentos e solturas, a expectativa é de que mais de 2 milhões de filhotes sejam devolvidos à natureza ao longo de toda a temporada.

Apesar das adversidades climáticas, o acompanhamento contínuo permitiu um resultado positivo. As equipes já indicam, de forma preliminar, que o número de filhotes nascidos em 2025 tem potencial para superar o registrado em 2024, ano impactado por queimadas de grandes proporções na região, que comprometeram as condições ambientais e dificultaram o processo de incubação e eclosão dos ovos, reforçando a eficácia das ações de monitoramento, proteção das praias de desova e fiscalização realizadas na região.

Durante o processo, os ninhos ficam expostos a ameaças naturais e humanas. Predadores como jacarés fazem parte do equilíbrio ambiental, mas a interferência humana, especialmente com a retirada ilegal de ovos, segue sendo um dos principais riscos à reprodução da espécie.

“O Vale do Guaporé é uma área estratégica para a conservação da tartaruga-da-Amazônia. Rondônia abriga o maior tabuleiro de desova da espécie no mundo, e proteger esse território é uma responsabilidade que ultrapassa fronteiras”, afirma Cézar Guimarães, superintendente estadual do Ibama em Rondônia.

Apoio da Energisa fortalece o monitoramento e a preservação

Há cinco anos, a Energisa é parceira do Projeto Quelônios do Guaporé, oferecendo apoio logístico essencial para o monitoramento das áreas de desova, a identificação das praias acompanhadas e o deslocamento das equipes técnicas.

“O apoio ao projeto reflete o compromisso da Energisa com a preservação ambiental e com as comunidades da região”, destaca José Carratte, supervisor de Meio Ambiente da Energisa Rondônia. “Garantir estrutura para o monitoramento das praias é fundamental para que os filhotes consigam completar esse primeiro e mais delicado ciclo de vida.”, complementa.

Carratte reforça que o envolvimento da empresa vai além do suporte operacional.

“Quando participamos das ações de soltura, vemos de perto o impacto positivo da educação ambiental, especialmente entre as crianças, que passam a entender a importância de preservar a natureza desde cedo.”

Comunidade reunida e educação ambiental para o futuro

A soltura dos filhotes reúne moradores de diferentes comunidades do Vale do Guaporé, transformando o momento em um verdadeiro evento de educação ambiental. Crianças acompanham de perto o retorno dos filhotes de tartaruga ao rio, fortalecendo a conscientização sobre preservação e sustentabilidade.

Com 46 anos de atuação, o Projeto Quelônios da Amazônia é uma das iniciativas ambientais mais longevas do país. No Vale do Guaporé, o trabalho é conduzido há 26 anos pela Associação Ecovale.

Para José Soares, o Zeca Lula, ambientalista e fundador da Associação Ecovale, a força do projeto está na união de esforços. “Cada filhote solto no rio representa décadas de luta pela preservação. Quando a comunidade participa, principalmente as crianças, a gente garante que esse cuidado continue no futuro”, afirma.

A cada devolução à natureza, o Projeto Quelônios do Guaporé reafirma seu principal objetivo: garantir a preservação, a sobrevivência e a reprodução das tartarugas-da-Amazônia, mantendo vivo um patrimônio ambiental que pertence a Rondônia, à Amazônia e ao mundo.

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