STF deve ser alvo de ataques na eleição de 2026 após condenação de Bolsonaro

STF deve ser alvo de ataques na eleição de 2026 após condenação de Bolsonaro


Especialistas avaliam que embates com o Supremo devem dominar campanhas ao Congresso, enquanto presidenciáveis tendem a adotar discurso mais moderado - © Getty Images

A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado deve arrastar o Supremo Tribunal Federal (STF) para o centro do debate eleitoral de 2026. Avaliações de ministros da Corte e de cientistas políticos indicam que o Judiciário será alvo de ataques mais intensos, sobretudo por parte de candidatos alinhados ao bolsonarismo.

Mesmo em prisão domiciliar, Bolsonaro segue como figura central para a direita, que aposta em projetos de anistia no Congresso como forma de livrá-lo da cadeia. O movimento já uniu governadores de oposição e ampliou a pressão sobre o Legislativo, aumentando a chance de o STF se tornar pauta prioritária nas campanhas parlamentares.

STF no alvo da direita

Entre os bolsonaristas, a estratégia é disputar a herança eleitoral do ex-presidente. A expectativa é que candidatos à Câmara e ao Senado adotem um discurso de enfrentamento ao Supremo, defendendo até mesmo o impeachment de ministros, em especial de Alexandre de Moraes.

Segundo analistas, esse embate deve ganhar força sobretudo no Senado, onde a direita espera eleger de 10 a 12 parlamentares radicais. Apesar disso, a leitura predominante no STF é de que o impeachment de ministros não deve prosperar, devido à influência do Centrão, que mantém trânsito no Judiciário.

O dilema da direita

Pré-candidatos ligados ao bolsonarismo vivem um impasse: precisam acenar ao eleitorado mais radical, mas sem afastar os setores mais moderados. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), considerado potencial sucessor político de Bolsonaro, já subiu o tom contra Moraes, chamando-o de “tirano” em manifestação no 7 de Setembro. A postura foi aplaudida pela base mais fiel ao ex-presidente, mas vista como arriscada por cientistas políticos.

Para a pesquisadora Carolina de Paula (UERJ), a pauta anti-STF deve ficar restrita às campanhas proporcionais.

“Você não consegue eleger um presidente com esse tipo de discurso. Essa narrativa é mais mobilizadora para deputados e senadores alinhados ao bolsonarismo”, avalia.

O cientista político André Borges (UnB) concorda e aponta que a disputa dentro da direita será para definir quem herda o espólio de Bolsonaro. “Tarcísio não pode passar a imagem de mero poste político. O desafio será equilibrar o discurso entre base radical e eleitorado moderado”, disse.
Expectativa para 2026

A esquerda, por sua vez, ainda avalia se deve reagir a essa narrativa ou tentar deslocar o foco da campanha para outras áreas, como economia e políticas sociais. Ministros do STF, entretanto, já consideram que o próximo ano eleitoral será de turbulência intensa para o Judiciário.


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