Agência Rondônia

Relatório do Coaf revela que Ambec recebeu R$ 394,5 milhões do INSS e movimentou valores atípicos entre bancos

Relatório do Coaf revela que Ambec recebeu R$ 394,5 milhões do INSS e movimentou valores atípicos entre bancos

Entidade é investigada por envolvimento em esquema de descontos ilegais em aposentadorias; Polícia Federal aponta vínculos com o “Careca do INSS” e empresários presos em setembro - © Shutterstock

A Ambec (Associação de Aposentados Mutualista para Benefícios Coletivos) recebeu R$ 394,5 milhões em repasses do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) entre 2023 e abril de 2025, segundo relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). O documento, obtido pela imprensa, aponta movimentações suspeitas e incompatíveis com a capacidade financeira da entidade, levantando indícios de irregularidades.

De acordo com o relatório, a Ambec — uma das principais investigadas no escândalo dos descontos indevidos em benefícios previdenciários — realizou transferências milionárias entre contas próprias e pagamentos expressivos a empresas ligadas a investigados do esquema, como o empresário Maurício Camisotti.

Movimentações milionárias e alerta do Coaf
O documento mostra que a associação recebeu:

  • R$ 242,4 milhões do Fundo do Regime Geral de Previdência Social entre dezembro de 2023 e setembro de 2024;

  • R$ 23,4 milhões entre setembro e novembro de 2024 (em um único depósito);

  • R$ 128,7 milhões entre novembro de 2024 e abril de 2025.

A maior parte desses valores, depositados em conta no Bradesco, foi transferida para outra conta da própria entidade no Itaú, totalizando R$ 195 milhões em movimentações cruzadas.

O Coaf destacou que “o faturamento não ampara a movimentação” e que os valores podem indicar renda informal ou recursos de origem não declarada, além de possível ocultação fiscal.

Pagamentos a empresas ligadas aos investigados
O relatório também identificou repasses de:

  • R$ 59,9 milhões à Rede Mais Saúde, administrada por Paulo Otávio Montalvão Camisotti, filho de Maurício Camisotti;

  • R$ 16,1 milhões à Prospect Consultoria Empresarial, de Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”.

Ambos os empresários são apontados pela Polícia Federal (PF) como operadores do esquema de descontos irregulares aplicados sem autorização dos aposentados e pensionistas.

Ligação com o escândalo do INSS
A Ambec teve crescimento explosivo de arrecadação nos últimos anos. Segundo a PF, os descontos feitos em benefícios aumentaram mais de 11 milhões por cento entre 2021 e 2022, saltando de R$ 135 para R$ 14,9 milhões.

As investigações apontam que a associação firmava convênios com o INSS para realizar descontos automáticos, supostamente em troca de serviços de saúde e benefícios coletivos — muitos deles sem autorização dos segurados.

Após a Operação da PF e da CGU em abril, tanto Antunes quanto Camisotti foram presos em setembro, por decisão validada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), sob o argumento de que tentavam obstruir as investigações.

Defesas negam irregularidades
A defesa de Maurício Camisotti afirma que a empresa prestava “serviços administrativos e tecnológicos para a Ambec” e que “nenhuma vantagem indevida foi obtida”.
Já a Rede Mais Saúde declarou que os repasses foram referentes a “serviços prestados de telemedicina e descontos em consultas e exames”, e que rompeu o contrato com a Ambec após a deflagração da operação policial.

A Prospect Consultoria, de Antunes, também nega irregularidades e afirma ter “atuado dentro dos limites da legalidade”.

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